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junho 14, 2006

Bolero

Segure minha mão com firmeza,
mas com carinho.
Olhe nos meus olhos bem fundo
enquanto eu te olho
no fundo dos seus olhos.
Enxergue minha alma
enquanto traduzo seus sonhos
e deixe que a gente flutue
bem juntos em uma só energia.

Vamos dançar juntos
como se voássemos
em uma nuvem exclusiva toda nossa.
E enquanto dançamos,
eu te beijo
e você me beija
e a essa altura
já não sou eu, nem você.

Somos nós dois, em um apenas.
Dois seres, dois corpos,
um sentimento,
uma dança,
uma alma única.

Carlos Drummond de Andrade

abril 16, 2006

Reverência ao Destino

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras
em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que
realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer,
antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas
pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e reflectir sobre os seus erros,
ou tentar fazer diferente algo que já fez muito
errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer
o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer
sempre a verdade quando for preciso. E com confiança
no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder
aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que
fazer. Ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o
deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que
realmente te conhece, te respeita e te entende. E é
assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos
camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos
ter visto.

Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é
difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos
culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos
fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela
que toma conta do corpo como uma corrente eléctrica
quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo
do depois.
Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a
quem te ama.
Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo
todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é segui-las.

Ter a noção exacta de nossas próprias vidas, ao invés
de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta
resposta. Ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de
rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por
inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te
aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefónica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é
realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fracção de
segundo, mas com tamanha intensidade, que se
petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.


Carlos Drummond de Andrade

fevereiro 04, 2006

As Sem-Razões Do Amor


Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


Carlos Drummond de Andrade

janeiro 13, 2006

Viver Não Dói


Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor?

O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.
Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projecções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.

Sofremos não porque
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente connosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?

A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.

O sofrimento é opcional.

Carlos Drummond de Andrade

dezembro 03, 2005

O Amor


Quando encontrar alguém e esse alguém
fizer seu coração parar de funcionar por
alguns segundos, preste atenção: pode ser
a pessoa mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e,
neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta pode ser a pessoa que você
está esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso,
se o beijo for apaixonante e os olhos
se encherem d´água neste momento,
perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento
do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça
Deus te mandou um presente divino - o amor.

Se algum dia tiverem que pedir perdão
um ao outro por algum motivo e em troca receber
um afago, um sorriso, um afago nos cabelos e os
gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se:
vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste,
se a vida te deu uma rasteira e a outra
pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar
as suas lágrimas e enxuga-las com ternura,
que coisa maravilhosa: você poderá contar
com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento,
sentir o cheiro da pessoa como se ela
estivesse ali do seu lado... Se você achar
a pessoa maravilhosamente linda mesma
ela estando de pijamas velhos, chinelo de
dedos e cabelos emaranhados...
É uma dádiva.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida,
mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.
Ou às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais deixam o amor passar, sem deixa-lo
acontecer verdadeiramente.
É o livre arbítrio.

Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia
o deixem cego para a melhor coisa da vida:
O AMOR.

Carlos Drummond de Andrade