Mostrar mensagens com a etiqueta Miguel Torga. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Miguel Torga. Mostrar todas as mensagens

julho 04, 2010

Súplica


Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga

julho 18, 2006

Ousar Sonhar

Não saibas: imagina…
Deixa falar o mestre, e devaneia...
A velhice é que sabe, e apenas sabe
Que o mar não cabe
Na poça que a inocência abre na areia

Sonha!

Inventa um alfabeto
De ilusões...
Um á-bê-cê secreto
Que soletres à margem das lições...
Voa pela janela

De encontro a qualquer sol que te sorri!

Asas? Não são precisas:
Vais ao colo das brisas,
Asas da fantasia...


Miguel Torga

março 30, 2006

Teia de Aranha

Teci durante a noite a teia astuciosa
dum poema.
Armei o laço ao sol que há-de nascer.
Rede frágil de versos.
É nela que o meu sono se futura
Eterno e natural,
Embalado na própria sepultura.
Vens ou não vens, agora astro real,
Doirar os fios desta baba impura?

Miguel Torga