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janeiro 19, 2006

Impasse


Tão longe e aqui mesmo
te sinto,
tão longo o abraço
que não dou

tão gélido o toque
das palavras
de encontro ao peito
aberto, indefeso…

tão estreito o caminho,
tão fundo o abismo
diante dos olhos exaustos
à procura de abrigo…


Ângela Santos

janeiro 06, 2006

Desnorte


Irrompe à força
este sentir que não sei,
não domino,
e em canto brota em mim
o grito

meus passos agitam-se
nas sombras do caminho,
meus braços animam-se
ensaiando gestos,
amputados na busca
contorcidos na forma de abraçar

meus olhos,
silenciados mares
drenaram torrentes,
esgotaram seu sal.

e a besta acoitada em mim
rasga o que esperei
e em pedaços me devolve
a vida.

Ângela Santos

novembro 04, 2005

Via-Láctea


Era sonho ou vinhas mesmo
no dorso de um cavalo alado
e sobre a fronte trazias, luzindo
o diadema da inocência..?

Era sonho ou ouvi mesmo
o teu riso, ressonâncias de cristal
enchendo de luz e música
velhas cavernas cavadas na memória..?

Era sonho ou eu vi mesmo
gravado na Via Láctea do teu galope
o nome sacro por que te dás
ecoando para lá dos tempos..?

Ai, menino do diadema…
leva-me contigo nesse voo leve
leva-me e ensina-me todas as coisas
que eu sei que tu sabes

a beber nas fontes
das nuvens mais altas
colher estrelinhas p’ra fazer cristais
das gotas da chuva fazer outro mar
e no dorso branco do cavalo alado
sobre a Via Láctea
contigo brincar.

Ângela Santos

novembro 01, 2005

Corpos


Das noites de néon que celebramos
perdura a chama
e queimam ainda meus lábios
as memórias
que não se dissolvem nos dias

Cada gesto novo
recomeça a viagem, a descoberta,
e no amplexo das tuas coxas, perdida
eu reencontro
os sons e os cheiros
num lugar qualquer de mim guardados,
antes de partir

Entre os meus e os teus olhos
estende-se a languidez cúmplice
decifrando sinais
de velhos amantes,

da tua à minha boca
a curta distancia
de um sopro vai
e tudo em nós se mistura...

em tuas mãos, o ritual do fogo se inicia
e cresce a lava do desejo
que nos arrasta
por entre sussurros e explosões

E é num mar de calmaria,
na embriaguez dos ópios naturais,
que nossos corpos
húmidos, quentes, saciados
desaguam.

Ângela Santos

outubro 30, 2005

Depois do Amor


Cai sobre os amantes
como diáfano manto
uma doce serenidade
depois do amor…

É como se tudo parasse
e nada mais existisse
no momento em que suspensos
ficam o mundo, as dores
e o tempo

Serenidade…
só a serenidade emana
dos corpos amantes
depois do amor
depois da explosão
que tudo aquietou.

Ângela Santos